quarta-feira, 26 de junho de 2019

Fábula da Primavera

Mais um dia que nascia,

A escuridão da noite era substituída pela luz da madrugada.


Mas hoje era diferente, muito diferente dos outros dias, dos outros meses, era um dia muito especial. Era uma altura de um novo recomeço, um novo ciclo, novas aventuras prestes a começar.


A magia continuava a florescer na floresta encantada e as primeiras fadas acordavam após um longo e merecido descanso, um período conhecido com a noite longa, começavam a passear a verificarem se tudo se encontrava bem. 


Recebiam da transição noite/madrugada, o testemunho, para mais um dia.

Alegres e bem dispostas, sabia que dia era hoje, o dia da transição, de passagem, de testemunho. E com um bater forte de asas, diziam alto e bom som: "Bom dia amigos e amigas da floresta" - muito animadas - "hora de acordar!"

Mas ao mesmo tempo, para um em especial, era um tempo de tristeza, mas não uma tristeza de chorar, mas sim de ir descansar, foram quatro longos meses atribulados, confusos, com vários momentos estranhos, tão estranhos que ele nem se lembra, da última vez que tinha sido assim.


Neste canto do planeta, a que os humanos chamam Europa, na Península Ibérica, mais precisamente Portugal, existe um lugar de mitos e lendas, um lugar MÁGICO, com uma magia única, bela e de arrepiar. Esse lugar é Sintra e é aonde decorre a nossa pequena história.


O Sol, esse belo astro-rei, ia já no alto, com os seus raios quentes a iluminarem aquela localidade, viu o Inverno, cansado, cheio de sono e pronto para o merecido descanso, entrou numa casa, mas não era uma casa qualquer, era uma casa com apenas um corredor contendo quatro portas, duas de cada lado, cada uma com um nome especial, Outono, Verão, de um lado, Inverno (o seu quarto) e Primavera do outro.


Passando pela sua porta, Inverno sabia que tinha de fazer mais um pequeno esforço, para depois ir para o seu merecido e desejado descanso.


Avançou mais um pouco e chegou junto à porta da Primavera e escutou. O seu quarto era um quarto amplo, como todos, cheio de flores, passarinhos com sons de embalar, um espaço que transmitia uma sensação de bem-estar e equilíbrio. 


Inverno avançou cautelosamente, para junto da porta, tocou suavemente e disse:


- "Primavera, estás aí?" - perguntou - "Está na hora de acordares, está na altura de tomares o meu lugar para eu poder ir descansar" - continuou.


A Primavera, ainda meio ensonada, respondeu:


- "Tem mesmo de ser? Está frio aí fora e eu estou bem aqui!" - afirmou.


- "Já chega de dormires" - disse o Inverno - "tens trabalho a fazer, porque se não fores hoje, o equilíbrio irá se perder!"


Com algum esforço, lá a Primavera aceitou, sabendo que se não fosse os animais não sairiam dos seus esconderijos e o Inverno, teria de continuar até ela decidir ir e isso não poderia acontecer.


Com um sorriso de encantar ela abre a porta e sorri para ele. Ele cansado retribui com um sorriso também e ficando um pouco corado, começou ligeiramente a derreter, tal a beleza que ela emana. Com um esforço final, Inverno dirigesse ao seu quarto gelado, branco, o seu mundo, aonde poderá ter o seu merecido descanso, até voltar a ser chamado de novo.


E assim se completou mais um círculo, esta ano, no dia 20 de Março, em que a Primavera substituiu o Inverno


Os dias começama a ser mais longos, mais quentes, mais floridos, mais... barulhentos 😊


É o início de uma época de renascimento, recomeço, novos objectivos, novos rumos, mas também uma altura de alergias, espirros e algumas fobias 😆


Continua...

Escrito durante uma simples viagem de comboio entre Cascais e Sete Rios, num momento de inspiração único, durante uma viagem de aproximadamente, 45 minutos